Se você acompanha o mundo da pesca ou da aquicultura brasileira, certamente já ouviu falar do bijupirá. Conhecido internacionalmente como cobia, esse peixe marinho impressionante está transformando tanto a produção de pescado em cativeiro quanto ganhando espaço na pesca esportiva.
Com carne branca, firme e sabor suave, o bijupirá representa uma revolução que une sustentabilidade, lucratividade e qualidade gastronômica. Vamos explorar tudo sobre esse peixe fascinante que pode atingir 2 metros de comprimento e 15 quilos em apenas dois anos.
Índice
Conhecendo o Bijupirá
Classificação e Nome Científico
O bijupirá (Rachycentron canadum) é a única espécie do gênero Rachycentron. Embora seja chamado de “cobia” internacionalmente, no Brasil é popularmente conhecido como bijupirá, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
Características Físicas Marcantes
O bijupirá possui características que o tornam facilmente identificável:
Corpo Alongado e Robusto:
- Formato hidrodinâmico e poderoso
- Pode atingir até 2 metros de comprimento
- Maioria dos exemplares alcança cerca de 1 metro
- Peso pode chegar a 15 quilos em condições ideais
Cabeça e Perfil:
- Cabeça grande e distintamente achatada
- Perfil que lembra levemente um tubarão pequeno
- Boca grande com mandíbula inferior projetada
Coloração:
- Dorso marrom-escuro
- Faixas prateadas laterais características
- Ventre mais claro
- Padrão de cores que facilita camuflagem
Qualidade da Carne
A carne do bijupirá é altamente valorizada por características específicas:
Textura: Firme e elástica, mantém-se bem em diversos preparos Cor: Branca e atrativa Sabor: Suave e delicado, sem “gosto de peixe” forte Versatilidade: Aceita múltiplas formas de preparo (grelhado, assado, cru)
Habitat e Distribuição
Ambientes Naturais
É um peixe versátil que habita:
Águas Costeiras:
- Proximidade de recifes e estruturas
- Profundidades variadas
- Áreas com boa disponibilidade de alimento
Alto-Mar:
- Águas oceânicas abertas
- Acompanha estruturas flutuantes
- Migra conforme disponibilidade de presas
Distribuição no Brasil
Presente em praticamente todo o litoral brasileiro, o bijupirá é especialmente comum nas regiões Norte e Nordeste, onde as águas tropicais quentes favorecem seu desenvolvimento.
Bijupirá na Aquicultura Brasileira
Revolução na Produção de Pescado
O bijupirá está transformando a aquicultura marinha brasileira por características únicas que o tornam ideal para criação em cativeiro.
Alta Produtividade
Os números impressionam:
Crescimento Acelerado:
- 6 quilos em apenas um ano
- Até 15 quilos em dois anos
- Produtividade quatro vezes maior que o salmão
Conversão Alimentar Eficiente: A quantidade de ração necessária para produzir 1 quilo de bijupirá é competitiva comparada a outras espécies.
Resistência e Adaptação
Vantagens em Cativeiro:
- Alta resistência a variações ambientais
- Crescimento rápido mesmo em densidade populacional moderada
- Baixa mortalidade quando manejado adequadamente
- Aceita bem rações comerciais
Alimentação Facilitada
Baixa Complexidade Nutricional:
- Aceita bem rações extrusadas comerciais
- Pode complementar dieta com sobras de outros peixes
- Não exige formulações extremamente específicas
- Custo de alimentação competitivo
Valor Nutricional
Carne Magra e Saudável:
- Baixo teor calórico
- Excelente fonte de proteína magra
- Ômega-3 em quantidades adequadas
- Ideal para alimentação saudável
Tecnologia e Inovação na Produção
Laboratório Nacional de Aquicultura Marinha (Lanam)
A Fundação São Vicente, através do Lanam, está liderando o desenvolvimento tecnológico da produção de bijupirá no Brasil.
Investimentos Significativos:
- Investimento inicial: R$ 30 milhões
- Orçamento total projetado: R$ 500 milhões
- Meta de produção: 1,5 milhão de alevinos por ano
Desafios Técnicos Superados
Reprodução em Cativeiro:
A desova de fêmeas e a larvicultura eram os principais gargalos da produção. Atualmente, essas fases são desenvolvidas em laboratório com tecnologia avançada, garantindo:
- Controle de qualidade dos alevinos
- Disponibilidade constante de juvenis
- Redução de custos de produção
- Padronização genética
Fases Críticas:
- Indução hormonal das fêmeas
- Fertilização controlada
- Incubação dos ovos
- Larvicultura inicial
- Desenvolvimento de juvenis
Superando o Gargalo de Fornecimento
Anteriormente, a escassez de alevinos limitava a expansão da produção. Com a capacidade de produzir 1,5 milhão de alevinos anualmente, o Lanam resolve esse obstáculo, permitindo que mais aquicultores invistam na espécie.

Sustentabilidade e Impacto Ambiental
Produção de Baixo Impacto
A criação de bijupirá é considerada ambientalmente responsável por diversos fatores:
Redução de Pressão sobre Estoques Selvagens:
- Produção em cativeiro diminui necessidade de captura
- Preserva populações naturais
- Permite recuperação de estoques
Ausência de Antibióticos:
- Criação não utiliza antibióticos preventivos
- Minimiza riscos de resistência bacteriana
- Reduz transferência de doenças entre populações
Eficiência na Produção de Ração: A quantidade de peixe capturado do mar para produção de ração é menor do que a quantidade de bijupirá produzida, gerando balanço positivo.
Comparação com Outras Espécies
Comparado ao salmão e outros peixes cultivados intensivamente, o bijupirá apresenta:
- Menor pegada ambiental
- Crescimento mais rápido
- Menor uso de recursos marinhos
- Adaptação a condições tropicais (sem necessidade de resfriamento artificial)
Pesca Esportiva do Peixe
Desafio e Emoção
Embora menos conhecido na pesca esportiva que na aquicultura, o bijupirá oferece briga emocionante e desafiadora.
Equipamentos Recomendados
Varas:
- Ação média-pesada a pesada
- 1,80 a 2,40 metros
- Classe 30 a 50 libras
- Tamanho 5000 a 8000 (molinetes)
- Carretilhas de perfil alto com boa capacidade de linha
- Sistema de arrasto confiável e progressivo
Linhas:
- Multifilamento 30 a 50 lb
- Líder de fluorocarbono 60 a 80 lb
- Capacidade mínima de 300 metros
Técnicas de Pesca
Corrico: Técnica mais eficaz, arrastando iscas próximo a estruturas flutuantes, plataformas de petróleo ou boias.
Jigging: Trabalhar jigs pesados em profundidade próximo a estruturas.
Arremesso com Artificiais: Quando bijupirás estão próximos à superfície, arremessos com plugs e poppers podem ser produtivos.
Iscas Eficazes
Naturais:
- Peixes inteiros (cavalinhas, sardinhas)
- Lulas
- Camarões grandes
Artificiais:
- Jigs (100 a 300 gramas)
- Plugs de meia água
- Poppers
- Shads grandes
Comportamento na Briga
Bijupirás lutam com força considerável:
- Corridas longas e sustentadas
- Mergulhos profundos
- Resistência até o final da briga
- Tendência a buscar estruturas
Mercado e Valor Comercial
Demanda Crescente
O bijupirá tem experimentado aumento significativo na demanda devido a:
Tendências de Consumo:
- Crescente interesse por alimentação saudável
- Busca por proteínas magras
- Preferência por peixes de carne branca
- Valorização de produtos sustentáveis
Versatilidade Gastronômica:
- Aceita múltiplos preparos
- Usado em culinária asiática, brasileira e internacional
- Ideal para sashimi e ceviche
- Excelente grelhado ou assado
Preços e Acessibilidade
Com a expansão da produção, espera-se que o bijupirá se torne progressivamente mais acessível ao consumidor final, mantendo qualidade premium.
Mercado de Exportação
O bijupirá brasileiro tem potencial para competir internacionalmente, especialmente em mercados asiáticos e norte-americanos que já valorizam a espécie.
Potencial Econômico Para Aquicultores
Viabilidade Para Diferentes Escalas
Pequenos Produtores:
- Investimento inicial moderado
- Retorno relativamente rápido (1-2 anos)
- Tecnologia acessível com apoio do Lanam
Grandes Empreendimentos:
- Escala permite diluição de custos
- Automação de processos
- Produção constante ao longo do ano
Rentabilidade
O bijupirá oferece rentabilidade atrativa devido a:
- Crescimento rápido (reduz tempo até o retorno)
- Alta conversão alimentar
- Demanda crescente
- Preço competitivo no mercado
Futuro do Bijupirá no Brasil
Expansão Tecnológica
Com avanços contínuos em reprodução, nutrição e manejo, a produção de bijupirá deve se expandir significativamente nos próximos anos.
Consolidação no Mercado
A expectativa é que o bijupirá se consolide como uma das principais espécies da aquicultura marinha brasileira, competindo com salmão importado e outras opções.
Geração de Empregos
A expansão da produção gerará empregos em diversas áreas:
- Produção de alevinos
- Criação em fazendas marinhas
- Processamento e beneficiamento
- Comercialização e distribuição
Dúvidas Comuns Sobre Bijupirá
O que é bijupirá?
Bijupirá (Rachycentron canadum), também conhecido internacionalmente como cobia, é um peixe marinho de carne branca e firme que habita águas costeiras e oceânicas. Pode atingir até 2 metros de comprimento e é valorizado tanto na aquicultura quanto na pesca esportiva.
É bom para comer?
Sim, ele possui carne branca, firme e sabor suave, sendo altamente valorizado na gastronomia. É uma excelente fonte de proteína magra com baixo teor calórico, ideal para alimentação saudável.
Quanto tempo leva para criar bijupirá?
O bijupirá cresce rapidamente, atingindo 6 quilos em apenas um ano e podendo alcançar até 15 quilos em dois anos, tornando-o quatro vezes mais produtivo que o salmão.
Onde é criado o bijupirá no Brasil?
O bijupirá é criado principalmente em fazendas marinhas nas regiões costeiras do Brasil. O Laboratório Nacional de Aquicultura Marinha (Lanam) produz alevinos que são distribuídos para aquicultores em diversas regiões.
A criação é sustentável?
Sim, a criação é considerada de baixo impacto ambiental. Não utiliza antibióticos, reduz pressão sobre populações selvagens e produz mais peixe do que consome em ração, gerando balanço positivo.
Qual o investimento para criar?
O investimento varia conforme a escala de produção. Com o fornecimento facilitado de alevinos pelo Lanam e a tecnologia cada vez mais acessível, pequenos e médios aquicultores podem ingressar na atividade com investimentos moderados.
Bijupirá tem espinhos?
Como a maioria dos peixes, o bijupirá possui espinhas, mas sua estrutura óssea é relativamente simples, facilitando o consumo e o aproveitamento da carne.
Como pescar bijupirá?
Pode ser pescado através de corrico próximo a estruturas flutuantes, jigging em profundidade ou arremesso com iscas artificiais quando estão na superfície. Use equipamento robusto (30-50 lb) e esteja preparado para briga intensa.
Veja mais aqui:
Conclusão
Este peixe representa uma revolução na aquicultura brasileira, combinando crescimento rápido (6 kg em um ano), baixo impacto ambiental, carne de qualidade premium e viabilidade econômica. Com investimentos do Lanam produzindo 1,5 milhão de alevinos anuais, a espécie torna-se acessível para aquicultores de diferentes escalas.
Na pesca esportiva, oferece desafio emocionante em equipamento médio-pesado. O futuro dele no Brasil é promissor tanto como alternativa sustentável de proteína quanto oportunidade econômica para o setor pesqueiro.
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